Em linhas gerais, a dependência do álcool representa o consumo excessivo de qualquer bebida alcoólica a tal ponto em que, ao tornar-se um hábito, passe a interferir diretamente na vida familiar, social e/ou profissional do indivíduo. Tal como a dinâmica de todas as drogas químicas no organismo, o álcool adquire ao longo do tempo de consumo resistência aos efeitos inebriantes da substância. Como consequência, o corpo necessita uma quantidade ainda maior de bebida para chegar às mesmas sensações.
Durante o processo que leva ao desencadeamento da dependência do álcool, atenta-se para as condições do paciente. Não apenas no que se refere a uma possível predisposição genética do indivíduo, mas também à atmosfera que se vive e saúde emocional. Pessoas que sofrem de Transtorno Depressivo Maior – a Depressão – ou Transtorno de Ansiedade podem ter mais facilidade de consumir substâncias entorpecentes, sendo o álcool a mais comum delas.
A abstinência alcoólica é um dos sintomas de que o problema com a bebida não só existe como já está em estado avançado, requerendo demasiada atenção. As sensações provocadas pela abstinência do álcool podem incluir suor, calafrios e até mesmo alucinações. Neste sentido, o mecanismo do organismo respeita o mesmo padrão de dependência química que ocorre em relação a outras drogas, como a cocaína, por exemplo.
Nada raro, e parte do quadro de alcoolismo, o paciente desenvolve o problema de dependência e é na própria bebida que busca o alívio dos sintomas desconfortáveis, como a baixa autoestima. Classificado como depressor do Sistema Nervoso Central, o álcool induz o aumento de atividade estimulante no cérebro. Quando o consumo é interrompido, o efeito depressivo deixa de existir, mas o cérebro continua a induzir as mesmas cargas de euforia, daí a abstinência. A hiperexcitabilidade sem a característica depressora provoca tremores, distúrbios de percepção, convulsões, delirium tremens, e uma série de outras reações desconfortáveis.
Outro prejuízo do álcool é a amnésia alcoólica, uma interferência cerebral produzida pela substância que dificulta a capacidade de registrar acontecimentos recentes. Este fato acontece de acordo com a capacidade de metabolização de cada indivíduo. Um adulto de 70 Kg processa em média 10 gramas por hora, no entanto, como cada drink contém cerca de 15 gramas de álcool. Minutos depois de ingerida, a concentração da droga no cérebro é equivalente a quantidade de sangue, perturbando a comunicação entre neurônios e a memória recente.
A anorexia alcóolica ocorre em função do processo de oxidação da droga, que libera energia equivalente a 7,1 kcal por grama de álcool. Em um consumo excessivo isso pode significar 50% das calorias necessárias. Por isso, é normal ter menos fome após ingerir quantidades significativas de alcool. Em casos de dependência, os pacientes tendem a apresentar uma considerável perda de peso. Daí a chamada “anorexia alcoólica”, que geralmente, vem acompanhada de deficiências nutricionais de proteína, bem como, vitaminas do complexo B.
Hoje, o alcoolismo é um dos problemas de uso de drogas mais dispendiosos, perdendo apenas para o tabagismo. Ainda que o consumo excessivo da substância seja pré-requisito para alguém se tornar alcoolista, o mecanismo da doença ainda é incerto. Isso porque, para a maioria das pessoas, o consumo do álcool representa pouco ou nenhum risco de desenvolver um vício.
O alcoolismo pode estar ligado a fatores externos:
Além dos excessos a longo prazo para o desenvolvimento da doença, o alcoolismo se deve muito à combinação com outros fatores. Estes podem estar relacionados ao ambiente social, à própria saúde emocional e, em grande medida, à predisposição genética.
O consumo excessivo de álcool está ligado a fatores químicos e biológicos ainda desconhecidos, o que significa que o alcoolismo não tem cura. No entanto, é possível apontar motivos psicológicos que favorecem o início do problema, como quadros de Transtorno de Ansiedade e Depressão. Ao reduzir esses conflitos com tratamento psicológico é possível diminuir as chances do primeiro gole, levando a um significativo aumento da qualidade de vida do paciente.
Tratamento do Alcoolismo:
O próprio alcoólico precisa reconhecer que precisa de ajuda. Se isso não acontecer, dificilmente o paciente seguirá o tratamento até o fim. Infelizmente, o passo fundamental para iniciar o tratamento é, ao mesmo tempo, a atitude mais difícil: reconhecer que está doente.
Amigos e familiares são importantes neste processo e durante todo o tratamento. Uma das principais funções é evitar que o paciente abandone as orientações médicas, assim como, não aceitar o “papel de vítima”. É comum que alcoólatras usem o fato de sofrerem de uma doença incurável para justificar seus atos. Alcoolismo não tem cura, mas se houver comprometimento do paciente consigo mesmo é possível ter vida normal apesar da doença.
O círculo de relações dos dependentes também é convidado a participar das conversas com a psicóloga, seja particular ou na presença do paciente. As consultas são fundamentais para avaliar a melhor forma de ajudar quem sofre do problema. Para um tratamento adequado, é preciso que se faça uma avaliação psicológica por um determinado período. O acompanhamento também pode ser feito de forma simultânea com grupos de ajuda, como os Alcoólicos Anônimos. Psiquiatras podem ser consultados se houver necessidade de indicar medicamentos para alcoolismo.