O período do processo de amadurecimento do ser humano conhecido como terceira idade compreende um momento que exige mudanças e adaptações. Nessa etapa é comum lidar com ganhos e perdas, bem como potencialidades e limitações. Passar por essa fase é delicado, uma vez que, ao longo da vida construímos um imaginário para lidar com ela, seja com o nosso envelhecimento ou com o das pessoas próximas.
Entretanto, a psicoterapia na terceira idade está focada nos problemas que afetam negativamente a autoestima do idoso, seja ele por estereótipos criados ou por outros motivos quaisquer. Sendo assim, existem duas visões diferentes sobre essa parte do ciclo de vida, uma em que se constrói a imagem positiva onde se pode desfrutar mais da vida, se possui maior autoconhecimento e, por assim dizer, mais tempo para aproveitá-lo. Numa outra ótica, alguns veem essa fase como um período de solidão, limitações e dependência.
Assim como em outros momentos da vida, no processo de amadurecimento – infância, adolescência, maturidade e velhice -, o problema maior e bastante comum é a aceitação que essa passagem é inevitável e que ela, enfim, chegou. Com isso, o indivíduo tende a nega-la – mecanismo de defesa – e ficar apegado a uma imagem de juventude que, por vezes, o próprio corpo não suporta.
Outra imagem negativa e errônea da velhice, e que cria um importante ruído no processo de incorporação desta fase, é acreditar que não existem mais desafios e realizações pessoais, planos e metas para o futuro. Isso não configura uma regra e, cada vez mais, percebe-se o oposto. Dessa forma, o mais saudável ainda é viver de forma verdadeira a realidade, estando aberto a fazer um reexame sobre da própria existência, reorganizando e reorientando a personalidade. Tudo isso faz parte do processo de crescimento, viver bem as etapas e os desapegos, desprender-se daquele ‘eu’ de ontem, quando preciso, das bagagens extras e sem significado para hoje e recuperar tesouros que muitas vezes sem saber, foram deixados para trás.